O veículo de mídia inglês NewAg International, pertencente ao Grupo Informa, publicou matéria destacando o trabalho da BIOTROP e o novo bioinsumo da empresa para pastagens, o PASTOMAX.
O editor-chefe, Luke Hutson, conversou com o CEO da BIOTROP, Antonio Carlos Zem, sobre a rápida ascensão da empresa no Brasil, a estratégia para entrar no mercado Norte Americano e a importância de ser uma indústria puramente de biológicos.
Confira uma versão reduzida, traduzida do texto original.
Antonio Carlos Zem (entrevista)
“Estamos vendo a ponta do iceberg”, começa Zem ao falar sobre a revolução que está ocorrendo no mercado biológico brasileiro. Questões de qualidade foram abordadas e uma vida de prateleira de dois anos sem refrigeração é comum para produtos biológicos, ele se entusiasma.
Há outro lado da equação para Zem. Em suas palavras, a indústria química está “exausta”. “Devido à regulamentação, mais produtos estão sendo retirados do que introduzidos. Os custos estão ficando altos, a resistência significa mais aplicações e os produtores estão fartos disso. Os produtos biológicos estão chegando na hora certa.”
Zem trabalhou para a FMC por 30 anos, realizando testes de campo e eventualmente se tornando Presidente para México e Brasil. Tendo se formado como biólogo, com mestrado em entomologia agrícola pela Universidade de São Paulo e doutorado em Agronomia pela ESALQ, Zem também participou do Programa Executivo Avançado da Kellogs School of Management (Illinois, EUA).
Quando se aposentou, ingressou na Aqua Capital, uma empresa de private equity focada no setor Agro. “Trabalhei nos melhores anos da indústria química. Mas as margens estão em declínio, há mais regulamentação e os consumidores estão exigindo mais.”
Agora, Zem quer se concentrar em uma empresa puramente biológica. E foi aqui que nasceu a ideia de fundar a BIOTROP em 2018. A empresa acaba de lançar seu produto mais recente em julho de 2021 – o PASTOMAX, inoculante para pastagens, combinando Azospirillum e Pseudomonas com propriedades de mobilização de nutrientes.
Zem também é produtor. Ele tem uma empresa de cultivo de uvas para exportação no nordeste do Brasil, exportando para Europa, EUA e Canadá. Ele também produz soja. Ambas as atividades oferecem à BIOTROP a chance de aprender mais sobre os produtos e passar essas informações aos clientes. Para Zem, é importante praticar o que você prega, e ele usa seus produtos biológicos. Por exemplo, produtos à base de algas marinhas mostram-se importantes no alongamento do cacho da uva.
Segundo Zem, ainda não é possível substituir totalmente o uso de produtos convencionais nas uvas. Um exemplo que ele menciona é a cianamida de cálcio, difícil de substituir devido à falta de um inverno típico no Brasil (em relação ao hemisfério norte. Esse produto é usado para estimular a brotação e facilitar as múltiplas colheitas ao longo do ano).
Zem prevê que as lavouras de uvas poderão ser livres de pesticidas em três a cinco anos. Ele enfatiza o número de modos de ação que podem vir de produtos biológicos, como exemplo o Azospirillum brasilense, bactéria tipicamente usada por suas propriedades fixadoras de nitrogênio em leguminosas, mas também usada em melões no Brasil por promover o crescimento.
Novas capacidades
Em preparação para o crescimento do mercado, a Biotrop está trabalhando para aumentar a capacidade de operação. Em termos de soja, 98% dos produtores no Brasil já estão usando Bradyrhizobium e mais de 30% também usam o Azospirillum para a coinoculação em sementes. O uso de aplicações em sulco também está impulsionando o consumo.
A empresa tem uma grande capacidade de produção, em torno de 4,5 milhões de litros por ano, para um grande portfólio de microrganismos. “Estamos no nosso limite”, diz Zem. A segunda planta está programada para iniciar ainda em 2021 e estar totalmente operacional em 2022. A terceira planta está programada para iniciar em 2022, operando em 2023. Após essas expansões, a capacidade será aproximadamente triplicada.
“No maior mercado biológico do mundo, trata-se de execução”, diz Zem. A BIOTROP também está investindo em P&D, com 12 microbiologistas PhD.
Produtos biológicos para pastagem
A Biotrop lançou em julho de 2021 seu produto mais recente – PASTOMAX. Este é um inoculante para pastagens, combinando Azospirillum e Pesudomas.
Zem aponta que para cada cabeça da população existe uma cabeça de gado, ou seja, 230 milhões. A maior parte do gado é alimentado com capim no Brasil. O país tem pastagens de baixa qualidade, ele explica. Os produtos biológicos podem ajudar na recuperação das pastagens, principalmente se já tiverem sido convertidas para a produção agrícola. O produto PastoMax foi desenvolvido com a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Brasil.
Jonas Hipolito, diretor de marketing e estratégia da Biotrop, disse à New AG International: “PASTOMAX está ganhando força, e com a estação chuvosa iniciando em breve, espera-se que cubra mais de 100.000 hectares em seu primeiro ano. A expectativa da BIOTROP é chegar a mais de um milhão de hectares em três anos, recuperando pastagens, aumentando a produção e sequestrando centenas de toneladas de CO2.”
Mercado Norte Americano
A Biotrop já estabeleceu presença nos EUA antes de entrar no mercado, e um escritório no Missouri foi aberto este ano. Zem diz que já trouxe experiência para navegar nos registros exigidos nos EUA e está procurando conduzir testes de longo prazo.
Para a Zem, é essencial levar ao mercado a tecnologia certa, com o custo certo. O fertilizante de nitrogênio nos EUA é relativamente barato em comparação com o Brasil, então um produto de fixação de nitrogênio precisa vir com um certo retorno sobre o investimento para o produtor, ou outros benefícios. Outro produto BIOTROP – combinando três bactérias para ajudar no estresse hídrico – poderia fornecer esse benefício adicional. Ele também menciona novamente o benefício de vários modos de ação.
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Fonte: NewAG International
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