Estresse hídrico, como reduzir as perdas?

Nos últimos 30 anos, segundo a CONAB, a produtividade média brasileira de soja passou de 1500 kg para quase 4000 kg por hectare e a produtividade média de milho foi de 3000 kg para 5500 kg por hectare.
A busca por tecnologias e genética para aumentar a produtividade é cada vez mais crescente, porém o clima e falta de água são fatores limitantes para que o produtor consiga expressar o máximo do potencial do seu investimento.
No Brasil, menos de 15% da área agricultável é irrigada (ANA, 2021), assim o produtor precisa entender e buscar alternativas para reduzir as perdas causadas por períodos de estiagem.

Alternativas para mitigar os danos

Com o intuito de tornar as variedades e híbridos mais produtivos, com resistência ou tolerância à algumas pragas e doenças, e resistentes aos principais herbicidas do mercado, temos variedades com alto potencial. Porém estresses abióticos podem limitá-las, principalmente a escassez de água causada por períodos de estiagem.
Uma alternativa que vem sendo amplamente estudada e com resultados comprovados por Institutos de Pesquisa, é o uso de microrganismos como uma ferramenta viável e eficaz na redução de perdas por estresse hídrico em plantas.
Os produtos biológicos com a finalidade de mitigar os danos causados pelo estresse hídrico são classificados com hidrocapacitores, e agem na regulação da temperatura da planta (LEITE, 2021), produzem fitormônios, exopolissacarídeos, entre outros compostos que fortalecem os mecanismos de tolerância ao estresse (SHAFFIQUE et al., 2022).
Dentre os benefícios do uso de insumos biológicos na mitigação dos danos causados por déficit hídrico, a promoção de crescimento e o melhor desenvolvimento radicular, permitem que a planta explore mais o solo, que por sua vez, absorve mais água e nutrientes, que consequentemente, durante os períodos de estresse possui maior capacidade de explorar esses recursos (PORTO et al., 2022).
Algumas bactérias possuem a capacidade de induzir a produção de substâncias osmorreguladoras pelas plantas, aumentando a elasticidade das paredes celulares das raízes, atenuando os danos causados pelos períodos de seca (DIMKPA et al., 2009). Outras atuam na solubilização de nutrientes e produção de fitormônios, que estão diretamente relacionados a promoção de crescimento. Uma outra atividade de algumas bactérias específicas é a produção de enzimas antioxidantes, extremamente importante na mitigação de estresse, uma vez que, quando submetidas à escassez de água, as células produzem uma grande quantidade de compostos oxidantes nocivos, causando danos ao DNA e às estruturas celulares (BARBOSA et al. 2010).
A combinação de microrganismos com diferentes modos de ação é uma estratégia importante na redução dos danos causados pela falta de água, uma vez que cada microrganismo possui uma particularidade e é capaz de produzir diferentes compostos com respostas distintas nas plantas.
Nas imagens a seguir, podemos observar a diferença no desenvolvimento inicial de plantas de milho e a uniformidade em um campo de soja quando adicionado Bacillus aryabhatthai, Bacillus circulans e Bacillus haynesii no sistema.

IMAGENS BIOTROP

O uso de bioinsumos permite ao agricultor atingir um alto potencial produtivo de forma sustentável, desde a mitigação de danos, o controle de pragas e doenças e o melhor aproveitamento de nutrientes.

Em resumo o déficit hídrico é um fator limitante que atinge todas as regiões do país, e é variável de ano para ano. Com os Insumos Biológicos temos a oportunidade atenuar as perdas causadas por esses períodos entre outros benefícios para uma agricultura sustentável.

BIOTROP – Semeando Biológicos, cultivando vida!

Autora: Aline Dutra – Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Lavras, com Especialização em Solos e Nutrição de Plantas pela Sollagro ESALQ/USP e ocupa o cargo de Coordenadora Técnica de Alianças Estratégicas.

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