Visando construir a maior coleção funcional de microrganismos do Brasil, para aplicação na nova geração de bioinsumos da empresa, a BIOTROP recentemente iniciou o Projeto Nimbles: uma expedição científica em busca de novos e incríveis microrganismos, através da coleta de fungos e bactérias dos solos dos biomas brasileiros, que serão estudados e selecionados para beneficiar a agropecuária nacional no futuro próximo.
O projeto está sendo desenvolvido a partir de expedições de uma equipe multidisciplinar de profissionais, com agrônomos, biólogos e microbiologistas. As novas descobertas serão utilizadas principalmente para o desenvolvimento de soluções biológicas para o controle de doenças e pragas em lavouras e para a promoção de crescimento das plantas.
Liderando o projeto, Juliana Marcolino Gomes, bióloga, geneticista e coordenadora de inovação e da área de Botânicos da Biotrop, revela que as amostras serão o futuro dos bioinsumos. “Os microrganismos que servem de base para as formulações atuais já são estudados e caracterizados. Estamos em busca do Next-Next”, conta.
A primeira expedição já aconteceu na Mata Atlântica, na região de São Luiz do Purunã, no Paraná, no final de outubro. Com um intervalor entre as expedições, a próxima está prevista para fevereiro, também na Mata Atlântica, desta vez no Ecossistema Mangue, conforme explica Juliana. “Iniciamos no bioma Mata Atlântica porque é um dos mais biodiversos, mas vamos realizar etapas nos outros cinco biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa”, comenta.
Modelo inédito
É preceito do Projeto Nimbles que quantidade não é significado de qualidade. Por isso, o propósito da Biotrop com a iniciativa é construir a maior coleção funcional, algo inédito neste tipo de pesquisa aplicada. Dessa forma, o banco de microrganismos irá oferecer as características e funções necessárias para inovar na formulação de produtos biológicos. “Nossa expectativa é encontrar microrganismos novos, mas também integrantes de espécies já conhecidas que apresentem características únicas, próprias de cada isolado/estirpe”, explica a coordenadora.
Etapas
O trabalho da expedição é conduzido de maneira a ter baixíssimo impacto nos ambientes que estão sendo visitados. Além das autorizações dos órgãos responsáveis para que os profissionais adentrem nas áreas preservadas, eles se movimentam a pé nas trilhas e retiram apenas amostras do solo onde estão os componentes minerais e biológicos (os microrganismos).
Já no laboratório da Biotrop, em sua sede de Curitiba (PR), os microrganismos são isolados e separados. Assim é mantida a pureza de suas características. Em seguida é feita a criopreservação, que garante a sua estocagem de forma viável e a utilidade dos microrganismos por muito tempo. Na próxima etapa, as amostras passam pela caracterização morfofisiológica e no final pela caracterização funcional que inclui informações bioquímicas e genéticas.
O microbiologista Douglas Gomes, gerente de Pesquisa e Inovação da Biotrop, explica que além da construção de um banco funcional de microrganismos, o Projeto se destaca pela utilização sustentável da biodiversidade. “O direcionamento que estamos dando ao Nimbles também é inédito porque fazemos o levantamento do microbioma de todas as áreas visitadas e temos um raio-x de tudo que está presente nas amostras. Com isso, conseguimos entender as funções mais proeminentes dessas áreas. Como finalidade científica tem muito valor”, destaca.
Números
Em cada expedição, que dura pelo menos uma semana, os profissionais coletam milhões de microrganismos. Após as etapas seguintes, de isolamento e caracterização, são selecionados centenas deles para compor o banco funcional. Estima-se que em apenas 1 grama de solo existam de 1 milhão a 1 bilhão de microrganismos, portanto, é neste material que a equipe da Biotrop se concentra quando está a campo.