Nematicidas e seus efeitos sobre a densidade recíproca de fitonematoides

* Editorial e fotos por Rayane Gabriel da Silva

Nematicidas e seus efeitos sobre a densidade recíproca de fitonematoides

Os nematoides estão distribuídos por todas as áreas agricultáveis do Brasil, e as espécies de maior importância e que trazem prejuízos aos agricultores são: M. javanica, e M. incognita (figura 1), Heterodera glycines (figura 2), Pratylenchus brachyurus (figura 3) e Rotylenchulus reniformis (figura 4).

Essas espécies são fortemente favorecidas pelo sistema de produção no qual estão inseridas. A sucessão Soja-Milho safrinha, ou Soja-Algodão safrinha, por exemplo, mantém a multiplicação de nematoides durante toda a época de cultivo, fazendo uma ponte verde para o nematoide com alimento o ano todo.

A figura 5, ilustra como a população de Pratylenchus brachyurus consegue sobreviver em soqueiras de milho até 80 dias após a colheita. Foram coletados raízes em 15 pontos, houve grande parcela da população sendo multiplicada permitindo que o nematoide encontre a raiz nos primeiros dias da semeadura da cultura de verão.

Das diversas estratégias usadas no manejo de nematoides, podemos destacar a rotação de culturas, cultivares resistentes, nematicidas químicos e nematicidas biológicos.

O uso de nematicidas, seja de integridades biológicas ou químicas, trazem bons benefícios ao sistema radicular, além de trazer suporte para que a planta consiga sobreviver aos danos causados pelo nematoides.

O controle químico promove diversos benefícios, promovendo a ação direta aos nematoides, inibindo a penetração protegendo o sistema radicular. Em contrapartida, essa prática deve ser adotada de forma consciente e cautelosa a fim de não prejudicar o meio ambiente e a microbiota do solo.

O Controle biológico é uma ferramenta que está em ascensão para o controle de nematoides. Este aumento significativo está relacionado com a prática de uma agricultura mais sustentável, além do fato de que o retorno  sobre investimento desses bioprodutos para os produtores serem relativamente superiores.

Essa ferramenta com microrganismos, após inserida no sistema de produção, recompõem a microbiota do solo, apresentado resultados satisfatórios, com efeito acumulativo desses agentes, safra após safra.

O uso de fungos e bactérias como agentes de controle de nematoides são os mais registrados no mistério da agricultura. Vários agentes biológicos com diferentes estipes já foram registrados junto ao MAPA. Só em 2019 foram registrados 40 produtos biológicos, crescendo a demanda por produtos com alta eficácia ao mesmo tempo que não apresentam agressividade ao meio ambiente.

Como exemplo podemos citar os Bacillus subitilis, comumente usados no controle de nematoides, com formulações de endósporos aumentando o tempo de vida do produto e ajudando na estabilidade e potencialização da eficiência. A utilização desse gênero de bactérias consiste na produção de inúmeros metabólitos secundários produzidos, além de promover biofilmes que proporcionam uma colonização preventiva e benéfica para as raízes da soja.

A forma de aplicação desses produtos, se via tratamento de sementes ou sulco de semeadura, deixa muitas discussões no que tange a melhor eficiência, haja visto que alguns verificam eficácias superiores ao aplicar no sulco de semeadura, contrapondo a aplicabilidade no tratamento de sementes. Dados da Fundação Chapadão apresentaram rendimentos superiores de produtividade da soja com o uso desses produtos via sulco de semeadura quando comparado ao tratamento de sementes (dados não publicados).

O controle biológico de nematoide é a tendência, entretanto vale ressaltar a responsabilidade em usar da forma correta e recomendada, a fim de não perder tecnologias. Importante se atentar ao controle de qualidade, compatibilidade com moléculas químicas e registro para os alvos e culturas.

Figura 01. Sintomas diretos nas raízes de soja com Meloidogyne incognita.

Figura 02. Fêmeas de Heterodera glycines aderidas ao sistema radicular da soja (a).

Cistos em 100 cm3 de solo em (b).

Figura 03. Lesões causadas por Pratylenchus brachyurus em raízes de soja.

Figura 04. Fêmeas de Rotylenchulus reniformis aderidas ao sistema radicular de algodão.

Figura 5. Populações de Pratylenchus brachyurus em soqueira de milho safrinha e as populações remanescentes no dia da semeadura da soja safra.

Rayane Gabriel da Silva é Pesquisadora na Fundação Chapadão (Chapadão do Sul-MS), laboratório homologado da Biotrop para a realização de análises laboratoriais de raiz e solo. Artigo escrito com exclusividade para a Biotrop.

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