Manejo biológico na cultura do milho

No Brasil, o cultivo do milho (Zea mays L.) é de grande importância comercial sendo realizada em duas épocas: primeira safra, durante o verão e a segunda safra (safrinha) durante o outono/inverno. Ambas as safras são conduzidas em condições ambientais distintas, mas igualmente expostas a fatores bióticos e abióticos que influenciam seu desenvolvimento e produtividade.

A atenção com o manejo da lavoura é essencial para atingir boas produtividades e rentabilidade, pois as condições de chuva, temperatura, incidência de pragas e doenças, dentre outros fatores serão diferentes safra a safra, exigindo do produtor estar constantemente atento ao seu manejo.

Hoje, sabe-se que um bom manejo integra vários aspectos, em especial a inclusão de biológicos, que além de eficiência, agregam em sustentabilidade e revitalização agrícola.

Quando iniciar o manejo biológico?

O manejo biológico na cultura do milho deve ser iniciado antes do plantio, já no tratamento das sementes com o uso de inoculantes à base de Azospirillum spp. Essa bactéria atua na fixação biológica do nitrogênio, é promotora de crescimento de plantas, além de aumentar a atividade da enzima nitrato redutase, produção de hormônios vegetais (auxinas), e atuar em benefício da microbiota do solo.

O uso de agentes de controle biológico no tratamento de sementes visa também o manejo de doenças transmitidas via sementes, como, por exemplo, as Podridões de raízes ou de colmos (Fusarium verticillioides; Diplodia maydis; Pythium spp.;). A principal característica desses patógenos é que eles invadem o grão no estádio de pré-colheita, ou a espiga, na pós-colheita, antes do debulhamento.  

No campo, estes fungos presentes nas sementes irão se manifestar, causando perdas substanciais no estabelecimento da lavoura e desenvolvimento da cultura, e, consequentemente, afetando negativamente a produtividade e qualidade das sementes produzidas. Diante disso, a prática do tratamento de sementes, em especial com agentes de biocontrole, é largamente recomendado para conter a disseminação de doenças e conseguir um melhor stand inicial da lavoura, com boa densidade de plantas.

À esquerda: sem manejo biológico. À direita: com manejo biológico.
Foto: Beltrame, V. (2021).

É possível realizar o manejo biológico para doenças de parte aérea?

O manejo biológico é recomendado também para doenças de parte aérea, como manchas foliares, e ferrugens. Nesse caso, o microrganismo é aplicado via foliar, atuando através de seus diversos mecanismos de ação no controle biológico das doenças. Um destes modos de ação é a capacidade de estimular as plantas a desenvolver resistência sistêmica induzida (ISR), que é a ativação do sistema natural de defesa das plantas. Outros mecanismos de ação de soluções biológicas são: competição por espaço e nutrientes, antibiose, predação e parasitismo.

Existe manejo biológico para insetos?

Sim! Existe!

Esse manejo pode ser realizado com o uso microrganismos, macrorganismos (inimigos naturais), extratos de plantas, óleos essenciais e outras substâncias de origem orgânica que apresentam mecanismos de ação eficazes no manejo das pragas. Dentre os mecanismos de ação já conhecidos dos biológicos, de ação direta ou indireta, podemos citar a predação, ação de repelência, ação desalojante, ação inseticida, ação de colonização da praga, dentre outras.   

Em conclusão, o aumento do uso de microrganismos na agricultura se deve pelo comprovado efeito benéfico que exercem sobre as plantas e o ambiente e eficiência no manejo de pregas e doenças além de trazerem benéficos adicionais como a promoção de crescimento de plantas, solubilização e mobilização de nutrientes, ativação do sistema de defesa das plantas etc. A busca por métodos mais sustentáveis e com melhor custo-benefício para o produtor tem alavancado o mercado de insumos biológicos no Brasil, através do uso de inoculantes e biodefensivos na cultura do milho.

Artigo por Dra. Bruna Canabarro Pozzebon – Desenvolvimento de Mercado na Biotrop
Escrito originalmente para o Triblog, da 3Tentos.

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