Agricultura Regenerativa: como os biológicos têm fortalecido esse conceito no Brasil

O que é Agricultura Regenerativa?

Nos últimos anos, muito tem se falado sobre a Agricultura Regenerativa, que é um termo ligado à possibilidade de produzir recuperando os solos, com o objetivo de promover a restauração de todo o sistema de produção de alimentos.

Apesar do conceito ir na direção do que a agricultura moderna entende como ideal, o termo foi cunhado há mais de 35 anos, no início da década de 1980, pelo norte americano Robert Rodale¹ ao estudar os processos de regeneração dos sistemas agrícolas ao longo do tempo. Ele acreditava que as técnicas agrícolas modernas e os hábitos alimentares americanos deixavam muito a desejar, e via uma relação direta entre o declínio da saúde do solo americano e a saúde do povo americano – uma visão revolucionária naqueles dias.

De acordo com Eduardo Ehlers, no livro “Agricultura Sustentável – Origens e Perspectivas de um Novo Paradigma” (1996)², a Agricultura Regenerativa visa a regeneração e a manutenção não apenas das culturas, mas de todo o sistema de produção alimentar, incluindo as comunidades rurais e os consumidores.

A Agricultura Regenerativa no contexto atual

Trazendo para a realidade das propriedades rurais de hoje, a conservação e o tratamento do solo têm representado aos agricultores uma forma de oferecer sustentabilidade e ao mesmo tempo produtividade ao processo de produção, revertendo-se em rentabilidade para a lavoura.

Por este motivo, o mercado de produtos biológicos e naturais (ou bioinsumos) – que atua de forma eficaz no equilíbrio do solo, vigor e sanidades das plantas, cresce de forma acelerada no Brasil, contribuindo para a agricultura regenerativa.

Isto porque o produtor brasileiro é historicamente um empreendedor com foco em sustentabilidade, o que tem sido demonstrado nas últimas décadas com a adoção de práticas como o plantio direto e a ampla adoção de inoculantes (bactérias fixadoras de nitrogênio), que economizam bilhões de dólares todo ano ao Brasil – além de retirarem milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.

Nesse momento, não seria diferente: a 3ª revolução tecnológica da agricultura, com o uso de biológicos e naturais, é liderada pelo Brasil. Com mais de 32 milhões de hectares já utilizando biológicos em larga escala³. Temos exemplos contundentes da aplicação – como a cana-de-açúcar, pioneira no uso de insetos predadores no controle de broca e outras pragas, que hoje caminha para um manejo de solo cada vez mais biológico, com o controle de nematoides, podridões e outros desafios do setor.

O uso de biológicos na agricultura brasileira

O Brasil já movimenta mais de US$ 300M em produtos biológicos e o mercado cresce acima de 20% ao ano⁴. É o país do mundo de mais rápida adoção, sendo que dos quase US$ 3 Bi ⁵, o Brasil já representa 10% em valor de mercado.

Mas o que faz o mercado brasileiro crescer de forma tão acelerada? É aqui que mais uma vez o agro mostra o poder da combinação entre pesquisa, dedicação e empreendedorismo. No Brasil o produtor agrícola expande o uso de biológicos porque ele precisa de mais eficiência e de mais rentabilidade para competir e se manter na atividade.

Os biológicos – entregando mais inovação, com mais empresas e com suporte no campo, têm oferecido as ferramentas que faltavam para uma ampla adoção.

Hoje, os biológicos podem melhorar a eficiência dos químicos e da adubação, e em diversos casos podem mudar o patamar de produção e rentabilidade das fazendas.

Tudo isso exige uma visão nova de mundo e de agricultura. Os biológicos exigem uma visão mais holística da produção. Eles não têm um único mecanismo de ação, têm em geral 4 ou 5 por exemplo combinando em um mesmo produtos:

  • Promoção de crescimento;
  • Controle de um alvo;
  • Equilíbrio de outros processos.

Biológicos e naturais atuando na sustentabilidade, saúde e paz

Com isso, estamos caminhando para uma agricultura regenerativa, que age sobre a paz e a saúde da humanidade. Com as tecnologias biológicas e naturais pode-se produzir mais sem aumentar a área. Assim, os biológicos têm entregado aumentos de 3 a 9% de produtividade, com consistência, em diversas regiões. São produtos ainda mais eficientes e mais seguros, para quem aplica e para quem consome o que é produzido.

Em conclusão, é uma oportunidade de ouro. O Brasil tem, mais uma vez no agro, a chance de contar e mostrar ao mundo um significado amplo de sustentabilidade. A revolução está acontecendo, é hora de dar visibilidade ao futuro que já chegou.


Fontes:

¹ Sane living in a mad world; a guide to the organic way of life (1972), Rodale, Robert.

² Agricultura Sustentável – Origens e Perspectivas de um Novo Paradigma (1996), Ehlers, Eduardo.

³ Considerando 80% de adoção em inoculantes para soja, 30% para outras culturas e 90% do mercado de nematicidas em grãos;

SPARK 2020

⁵ DUHAM TRIMMER 2021

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